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A doença celíaca é uma doença crónica, autoimune, que ocorre em indivíduos com predisposição genética, causada pela permanente sensibilidade ao glúten. Esta caracteriza-se por uma inflamação na mucosa intestinal após a ingestão de glúten, que desencadeia uma série de reações imunológicas que comprometem a absorção de nutrientes. O glúten consiste numa proteína que se encontra no endosperma dos cereais trigo, cevada e centeio. Desta forma, o tratamento para a doença celíaca consiste na eliminação total destes alimentos da dieta, bem como dos seus híbridos (triticale e kamut) e derivados.
Esta doença afeta 1,4% da população mundial e estima-se que, em Portugal o intervalo da prevalência esteja entre 1 e 3%.
As manifestações clínicas desta doença são várias e dependem de alguns fatores, como por exemplo a idade. Entre a sintomatologia mais comum destacam-se a diarreia, a distensão abdominal, a diminuição do apetite e a perda de peso. O diagnóstico de doença celíaca passa por 3 critérios de diagnóstico sustentados:
1. análises ao sangue e fezes que comprovem a má absorção de nutrientes;
2. testes sorológicos que confirmam a presença de anticorpos (anti-gliadina, anti-transglunaminase, anti-endomísio);
3. biopsia ao intestino para confirmação de diagnóstico.
A maior procura de testes de intolerâncias alimentares desencadeiam com frequência a restrição do glúten da alimentação, sem orientação de nutricionista, o que é um erro. Salienta-se que a maioria destes testes não têm respaldo na evidência científica nem fazem diagnóstico da doença celíaca.
Quando confirmado o diagnóstico, o principal tratamento consiste na adoção de uma dieta isenta de glúten para toda a vida. Para tal, é necessário ter em atenção alguns aspetos:
Para além da doença celíaca, existem outras situações clínicas que podem beneficiar de uma dieta isenta de glúten, tais como a Sensibilidade ao Glúten Não Celíaca e algumas fases de controlo do Síndrome do Intestino Irritável. Mas ambas as situações devem ser confirmadas e acompanhadas por um Nutricionista e Gastroenterologista.
Agora, abordando a dieta isenta de glúten como mais uma “dieta da moda” com o objetivo de perda de peso, torna-se essencial reforçar que, até à data, não existe nenhuma evidência científica de que a restrição ao glúten traz benefícios nestes casos. Aliás, um estudo relativamente recente, com quase 200 000 participantes, conduzido pela Universidade Harvard, concluiu que uma dieta isenta de glúten, quando não há indicação para tal, aumenta a probabilidade de desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2. Ademais, limitar o glúten da dieta está associado a uma menor ingestão de micronutrientes fornecidos por alguns cereais. Apesar de algumas pessoas optarem pela dieta isenta em glúten para perda de peso, essa metodologia não deve ser adotada. Os produtos isentos em glúten, por norma, têm teores de açúcar e gorduras mais elevados para ser possível atingir texturas e características organoléticas semelhantes ao produto original. Ou seja, quando há uma perda de peso associada a esta dieta, provavelmente esta tem origem na menor disponibilidade de produtos/alimentos em certos contextos, o que faz com que a pessoa ingira menor quantidade (por exemplo: bolos, pão, bolachas, sandes).
É vantajoso para os indivíduos portadores de doença celíaca tornarem-se sócios da Associação Portuguesa de Celíacos para terem acesso a diversas mais valias, entre as quais, descontos nos pontos de venda de parceiros, cursos de panificação, workshops de como lidar com a doença, consultas de Nutrição Especializada e de Psicologia a preços reduzidos.
Em suma, procure informar-se com o seu médico para receber um diagnóstico adequado, caso evidencie alguma sintomatologia. Para além disso, para adotar uma dieta isenta em glúten procure o devido acompanhamento de um Nutricionista.
A equipa de Nutrição do Hospital de Santa Maria – Porto
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