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As varizes estão englobadas numa denominação chamada de Doença Venosa Crónica (DVC) e são veias dilatadas e tortuosas, facilmente identificáveis por se localizarem por baixo da pele. Podem ocorrer em várias partes do corpo mas são mais frequentes nos membros inferiores (pés, pernas e coxas).
As veias são vasos sanguíneos que conduzem o sangue dos tecidos do corpo para o coração e têm a característica de terem válvulas que ajudam o sangue a fluir na direção do coração, impedindo que ele volte para as extremidades. Quando estas válvulas não funcionam corretamente o sangue reflui, acumulando-se nas veias, o que aumenta significativamente a sua pressão e as faz dilatar, gerando um ciclo vicioso que origina o aparecimento de varizes.
Para além do impacto estético, as varizes podem causar sintomas de dor, sensação de pernas pesadas ou cansadas, edema (inchaço) sobretudo nos tornozelos e pés, comichão ou caimbras. Nos estadios mais graves podem surgir varicoflebites (coágulos sanguíneos nas veias dilatadas), alterações na cor e consistência da pele condicionados pela inflamação crónica ou aparecimento de uma ulcera venosa, situação clínica com grande morbilidade e impacto na qualidade de vida.
Estima-se que em Portugal cerca de 25% da população sofra de Doença Venosa Crónica. Devido à componente hormonal e à gravidez, as mulheres são mais frequentemente afectadas. Existem diversas causas para o aparecimento de varizes: a hereditariedade (genética) tem um papel etiológico importante parecendo contribuir para que as veias se tornem mais facilmente dilatáveis pela pressão natural do sangue. A exposição ao calor, o sedentarismo, profissões que exigem a permanência prolongada de pé e o excesso de peso são outros fatores que podem favorecer o seu aparecimento. O próprio processo de envelhecimento é também um fator de agravamento. As varizes podem ainda ter uma origem secundária quando aparecem por doenças adquiridas no decorrer da vida (como por exemplo após uma trombose venosa profunda), sendo neste caso de tratamento mais difícil.
Pode-se evitar o aparecimento de varizes através do uso de meias elásticas, prática regular de exercício físico aeróbico, manutenção do peso ideal, evitar ficar em pé por longos períodos de tempo e evitar a exposição prolongada ao calor, entre outras medidas.
É fundamental procurar um médico especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular com experiência nesta área e nas suas diversas formas de tratamento, para obter um correto diagnóstico e aconselhamento.
O diagnóstico é feito frequentemente através da realização de um eco-doppler, que é um exame ecográfico, inócuo e indolor, que permite perceber exatamente o que se passa com as veias superficiais e profundas, permitindo realizar o que se designa de mapeamento venoso. Este mapeamento diferencia quais as veias saudáveis e quais as veias patológicas que estão na origem das varizes e determina a gravidade e extensão da disfunção das suas válvulas, fornecendo adicionalmente informações morfológicas sobre o seu diâmetro, tortuosidade e profundidade (assim como dos locais onde esta tem proximo de si estruturas nervosas), que são muito importantes para a tomada de decisão do melhor método de tratamento e que deverá individualizada para cada paciente.
O melhor tratamento para si depende por isso de um diagnóstico correto e preciso podendo ser conservador (medicação oral e meia elástica) ou interventivo (escolhendo-se, dos vários métodos que atualmente estão disponíveis, o que mais se adequa ao seu caso particular), pondendo este ser um procedimento único especifico ou uma combinação de diferentes tratamentos.
Em Portugal, hoje em dia, a forma mais comum de tratamento de varizes é ainda a cirurgia convencional. Com múltiplas décadas de evolução e de aperfeiçoamento da técnica é possível fazer o tratamento cirúrgico de varizes em regime ambulatório, com pequenas incisões (microflebectomias) e com uma taxa de complicações muito reduzida.
No entanto, o aparecimento de novas técnicas minimamente invasivas diminuiu ainda mais a frequência dessas complicações, permitindo uma recuperação muito mais rápida do paciente (quase imediata) para as suas atividades de vida diárias e para o trabalho, mantendo uma eficácia comparável à cirurgia, tornando-as por esse motivo muito atrativas para o tratamento desta doença. Contrariamente ao nosso país, nos EUA estas técnicas inovadoras são já aplicadas na grande maioria dos pacientes (aproximadamente 70-80% dos casos). Entre as mais frequentemente utilizadas estão a ablação térmica com radiofrequência, a ablação térmica com laser, a embolização com cola biológica, a escleroterapia com espuma eco-guiada e a microescleroterapia (dependendo do padrão da doença venosa), que seguidamente se resumem. Existem ainda outras técnicas relativamente recentes, embora menos utilizadas por não serem tão bem sucedidas, como a crioablação ou a ablação com recurso ao vapor.
» Ablação térmica com Radiofrequência / Laser: são os métodos endovenosos mais utilizados actualmente e mais seguros. Consistem em técnicas percutâneas, realizadas com apoio de ecografia, que envolvem a punção da veia safena (na perna ou coxa) e a introdução de um catéter ao londo do seu trajeto. Este catéter, ao ser accionado, tem a tecnologia de libertar energia térmica de forma controlada, que vai promover o encerramento (oclusão) da veia a tratar, sendo esta reabsorvida e desaparecendo no futuro. Para que não haja lesões dos tecidos adjacentes à veia e para ajudar no contacto da sua parede com o catéter é administrada, antes do tratamento, uma solução fria que contém um anestésico local (anestesia tumescente), que permite isolar a veia e a que não haja qualquer dor. Este procedimento pode, por isso, ser realizado apenas com anestesia local caso seja essa a preferência do paciente e demora aproximadamente 1 hora. Normalmente, nestas circunstâncias, o paciente pode ter alta imediatamente após a intervenção, sendo necessário o uso de meias elásticas durante 2 a 3 semanas. Com esta técnica, comparativamente à cirurgia convencional, a veia não é removida (surgem menos hematomas) e não é necessário realizar qualquer incisão na virilha. No entanto se estivermos perante uma veia safena muito dilatada (diâmetros superiores a 10 – 12 mm) e tortuosa, a cirurgia poderá ser uma melhor opção;
» Escleroterapia com espuma eco-guiada: é uma técnica na qual se injecta, com apoio de ecografia, uma espuma de agente esclerosante (vulgarmente utilizado na escleroterapia). Esta espuma vai promover uma inflamação na parede da veia e a sua oclusão. É realizada sob anestesia local no consultório, sendo necessário o uso de meias elásticas 2 a 3 semanas. Para o tratamento das veias safenas tem resultados a médio prazo bastante inferiores em relação à radiofrequência e ao laser com mais taxas de recorrência, motivo pelo qual não é vulgarmente utilizada como primeira linha. No entanto, para tratamento de trajetos varicosos colaterais ou como complemento das técnicas anteriormente descritas é uma opção com excelentes resultados;
» Embolização com cianoacrilato: é a técnica endovenosa mais recentemente desenvolvida. Envolve a libertação da uma cola biológica médica na veia doente através de um pequeno catéter, interrompendo desse modo a sua circulação. O procedimento tem um tempo de duração de aproximadamente 30 minutos, podendo ser realizado apenas com anestesia local. Os estudos mais recentes mostram que tem uma eficácia a curto e médio prazo sobreponível ao tratamento com radiofrequência e laser, mas ao contrário destes últimos, como não é utilizada energia térmica e não é necessária anestesia tumescente, permite que o tratamento seja realizado apenas com uma injeção única de anestésico no local de punção. Outra vantagem desta técnica é que ela não obriga ao uso de meias de compressão elástica após o tratamento. Esta cola médica tem vindo a ser utilizada já há várias décadas para tratamento de outras patologias vasculares, nomeadamente malformações arteriovenosas cerebrais e é segura, tendo sido agora transposta para o tratamento de varizes;
» Microescleroterapia: técnica que envolve a injeção, com uma agulha muito fina, de um produto esclerosante líquido (ex: polidocanol) e que existe em diferentes concentrações, para o tratamento de veias reticulares e telangiectasias (vulgo, aranhas vasculares ou derrames), tendo um objetivo primordialmente estético. Também é utilizada para complementar o tratamento de varicosidades de maiores dimensões (2 mm) residuais após cirurgia. É necessário o uso de meia elástica durante 1 a 2 semanas após este procedimento. Pode ter como possíveis complicações a inflamação local com sintomas de calor / comichão e a hiperpigmentação da pele nos locais tratados que normalmente é temporária.
Revisão Científica: Dr. Diogo Silveira, Médico de Angiologia e Cirurgia Vascular
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