Miopia nas crianças

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A miopia é um erro refrativo bastante comum, caracterizado por boa visão para o perto e dificuldade na visão para o longe. Assim, as crianças com miopia leem sem dificuldade as páginas dum livro mas necessitam de óculos para, por exemplo, ver para o quadro da escola, ver televisão, reconhecer pessoas ao longe e andar de bicicleta.

A suscetibilidade individual à miopia é determinada por fatores genéticos e ambientais. As crianças com história familiar de miopia (mãe e/ou pai) têm maior probabilidade de desenvolverem miopia. No entanto, nos últimos anos a prevalência de miopia tem vindo a aumentar e a Organização Mundial de Saúde estima que metade da população mundial tenha miopia em 2050.

Uma vez que os genes não se alteram tão rapidamente, os especialistas acreditam que os fatores ambientais, especificamente a baixa exposição das crianças à luz solar natural, são a principal causa do aumento da miopia.

A intensidade da luz solar natural, presente nos ambientes ao ar livre, influencia a forma do olho, o que por sua vez condiciona a nitidez da visão. Os raios de luz emitidos por uma imagem têm de convergir para a retina para a visão ser nítida. Na miopia, a convergência acontece à frente da retina, sendo necessário usar uma lente negativa para redirecionar os raios de luz para a retina, de forma a focar a imagem.

A maioria das crianças nasce hipermetrope. A forma dos seus olhos é ligeiramente achatada e os raios de luz convergem atrás da retina. Á medida que as crianças crescem, os seus olhos alongam permitindo a convergência dos raios de luz na retina. No entanto, se este alongamento não parar, os olhos tornam-se ovalados e miópicos – as imagens convergem à frente da retina. A luz natural presente do ambiente exterior estimula a libertação do neurotransmissor dopamina que diminui o alongamento dos olhos.

Nos últimos anos observamos uma alteração dos hábitos comportamentais das crianças, que passam muito tempo dentro de casa, devido ao maior enfase que se dá aos estudos académicos, à atração irresistível aos ecrãs e preocupações relacionadas com a segurança da criança (uma brincadeira ao ar livre requer, quase sempre, supervisão dum adulto). O comportamento sedentário das crianças acentuou-se com a epidemia de Covid-19, devido aos confinamentos (ensino online) e à promoção do distanciamento social para prevenção do contágio, e Portugal não foi exceção, como demonstrou um estudo elaborado pela Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa.  Um estudo canadiano, efetuado em 2020, avaliou o tempo que as crianças passaram em atividades eletrónicas durante o confinamento e verificou que as crianças de 8 anos despenderam em média 5 horas por dia, em adição ao tempo de écran atribuído à escola. Estas alterações dos hábitos comportamentais limitam o tempo que os mais novos passam fora de casa, expostos à luz solar natural, contribuído para progressão silenciosa da miopia nas crianças

O aumento da prevalência da miopia é um fenómeno mundial, mas a epidemia está em velocidade de cruzeiro no Sudeste Asiático, onde 80 a 90% das crianças em idade escolar já têm miopia. Num estudo efetuado na China, inserido num grande estudo epidemiológico de seguimento dos erros refrativos, em junho de 2020, o mês de abertura das escolas após 5 meses de confinamento, verificou que as crianças entre os 6 e os 8 anos apresentaram um aumento maior da miopia do que o esperado comparativamente aos adolescentes (13 anos), apesar destes últimos passarem mais tempo em atividades de ecrãs por terem mais tarefas relacionadas com a escola online. Assim, este aumento da miopia parece estar relacionado com uma maior sensibilidade das crianças à ausência dos estímulos ambientais que atrasam o desenvolvimento da miopia, especificamente a luz solar natural.

A maioria das pessoas acredita que a miopia não tem grande relevância, uma vez que há muitas opções para a sua correção: óculos, lentes de contacto e cirurgia. No entanto, a preocupação com o aumento da prevalência da miopia prende-se com o facto que a idade de início da miopia relaciona-se com o erro refrativo final. Quanto mais cedo uma criança iniciar miopia, mais elevada a sua miopia irá ser e quanto maior o valor da miopia, maior é o risco de complicações oftalmológicas graves, como degenerescência miópica da retina, descolamento da retina e glaucoma. Sabe-se, também, que uma em cada 3 pessoas com miopia elevada apresenta graves dificuldades visuais na idade adulta, pelo que a miopia deve ser encarada como um problema de saúde pública, uma epidemia, que os países do Sudeste Asiático estão a atravessar, mas que a Europa não deve negligenciar.

Atualmente, a prevenção mais eficaz é a promoção de atividades ao ar livre, idealmente expondo as crianças a 2 horas por dia de luz solar natural.

Quando é que a criança deve fazer uma avaliação visual?

O desenvolvimento da criança depende em muito do desenvolvimento da visão, já que é pelos olhos que entra mais de 90% da informação no seu 1º ano de vida. Por essa razão, todas as crianças devem fazer um rastreio visual até aos dois anos de idade.

Havendo história de doença ocular na família, ou se a criança tiver história de prematuridade ou alterações associadas, sejam neurológicas, dismorfias, doenças genéticas metabólicas ou reumatológicas, devem ser avaliadas o mais precocemente possível.

Não havendo quaisquer alterações ou antecedentes, a criança deve ser reavaliada à entrada para a escola, por volta dos cinco anos, e idealmente à entrada de cada ciclo escolar.

Todas as crianças com patologia oftalmológica devem ser avaliadas regularmente pelo oftalmologista seguindo os timings que este prescreve. As crianças que usam óculos e que não têm patologia ocular associada devem ser reavaliadas anualmente, enquanto estiverem em crescimento ou enquanto estiverem a estudar.

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