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O leite é o primeiro contacto do ser humano com a alimentação e sendo um alimento com proteínas de alto valor biológico e rico em variadíssimos nutrientes, o seu consumo torna-se fundamental nos diferentes ciclos da vida. Para além disso, não existe outro alimento com uma informação nutricional tão interessante a um custo tão baixo, tornando-se uma opção viável para toda a população.
Uma vez que no dia 1 de junho, para além de se celebrar o Dia Mundial da Criança, comemora-se o Dia Mundial do Leite, aproveita-se para desmistificar algumas suspeitas sobre o efeito nefasto da ingestão de leite e o seu impacto na saúde, bem como realçar o interesse nutricional deste alimento.
Os lacticínios constituem um dos grupos da Roda dos Alimentos onde estão incluídos, para além do leite, o queijo, iogurtes, requeijão e queijo fresco. Recomenda-se uma ingestão de 2 a 3 porções/dia de alimentos pertencentes a este grupo de alimentos, obviamente tendo em consideração as idades e patologias de base. Destaca-se o facto que, se o leite não fosse um alimento saudável não faria parte da Roda dos Alimentos, a qual preconiza uma alimentação completa e equilibrada.
O leite é um alimento de elevado valor nutricional, composto por proteínas de alto valor biológico (contém aminoácidos essenciais) e um teor de vitaminas e minerais bastante considerável. Dentro destes micronutrientes destacam-se a vitamina B12, cálcio e fósforo. Aliás, uma chávena com 250mL de leite fornece mais de 1/3 da quantidade diária recomendada de cálcio. Para além disso, a absorção deste nutriente pelo organismo é mais eficiente quando fornecido através do leite, o que não acontece com os produtos hortícolas ricos em cálcio devido à presença de oxalatos.
Passando a abordar alguns dos mitos em relação ao leite, “Somos os únicos mamíferos que consomem leite na idade adulta” é provavelmente a frase mais repetida. No entanto, também somos os únicos mamíferos que fazem inúmeras coisas e não me parece que seja por isso que alguém as vai deixar de fazer… O facto de o leite ser eliminado da alimentação dos animais mamíferos acaba por ser um processo natural tendo em conta a disponibilidade de leite das fêmeas, e não por ter algum efeito negativo.
Outro mito popular passa pelo impacto negativo da ingestão de leite na doença cardiovascular. A maior preocupação quanto ao consumo de leite na patologia cardíaca está relacionada com a quantidade de gordura saturada presente neste alimento. No entanto, seguindo as recomendações diárias, o volume de leite ingerido não poderá causar esse impacto negativo. Aliás, uma meta-análise publicada em 2016 revela uma ligeira, mas significante, diminuição da pressão arterial sistólica e diastólica. Mais recentemente, em 2019, foi publicada uma umbrella review onde se verificou uma diminuição do risco de doenças cardiovasculares em indivíduos com uma ingestão alta de lacticínios comparativamente com uma ingestão baixa. Ainda assim, para os indivíduos adultos pode privilegiar-se o leite magro.
Em relação à associação do consumo de leite com o aparecimento de cancro, na verdade são mais os benefícios do que os prejuízos. De acordo com a American Institute of Cancer Research, a ingestão de leite, nas doses recomendadas, por faixa etária, representa uma redução do risco para cancro colorretal e mama. Contudo, está identificado um risco aumentado para cancro da próstata, mas os seus mecanismos não estão ainda bem identificados, supondo-se que possa estar mais associado ao seu teor de gordura que propriamente ao teor de cálcio e esse aumento é na ordem dos 3% e dependentes de dose.
Outro argumento contra o consumo de leite refere que a “ingestão de leite aumenta o pH do sangue” – outro falso argumento já que na verdade não existe nenhum alimento que altere de forma valorizável o pH do nosso organismo. A tão falada dieta alcalina tem de ser desmistificada… As enzimas do nosso organismo funcionam num intervalo de pH muito específico e este é impossível de ser modificado através da dieta (Carvalho, P., 2020).
Relativamente à equiparação do leite às bebidas vegetais (soja, aveia, amêndoa, espelta, arroz, entre outras), estas não são comparáveis, ficando até muito aquém em termos nutricionais. Os fabricantes destas bebidas procuram criar um produto que se assemelhe ao leite visualmente, no entanto, a sua composição nutricional varia de marca para marca pois podem ter outros ingredientes adicionados como óleos e açúcares. Para além disso, realça-se que o valor nutricional de uma porção de uma bebida vegetal não equivale ao seu alimento original correspondente. Dito isto, a bebida vegetal com teor proteico mais próximo do leite é a bebida de soja, no entanto esta fica deficitária quanto a outros micronutrientes, nomeadamente o cálcio. Nestes casos deve optar-se pela bebida de soja fortificada em cálcio sem adição de açúcar, contudo, cada caso tem de ser avaliado individualmente. Resumindo, as bebidas vegetais não devem ser consideradas como substitutos do leite pois são alimentos completamente diferentes, daí privilegiar-se em casos de intolerância a alternativa do leite sem lactose.
Concluindo, o leite não é um alimento milagroso, mas também está longe de ser considerado um alimento prejudicial.
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