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A insuficiência cardíaca é uma doença que resulta da incapacidade do coração em bombear a quantidade de sangue suficiente para assegurar as necessidades do organismo em oxigénio e nutrientes. Pela sua frequência, representa, na actualidade, um problema maior de Saúde Pública, pois afecta cerca de 26 milhões de pessoas a nível mundial, estimando-se, em Portugal, uma prevalência de 5,2% na população com mais de 25 anos de idade.
O diagnóstico é feito pela avaliação clínica (história, sinais e sintomas da doença) e pela realização de exames, como são exemplo, as análises clínicas, o eletrocardiograma (ECG) e o ecocardiograma.
A insuficiência cardíaca constitui um diagnóstico muito frequente nas admissões hospitalares, levando a internamentos prolongados e o seu tratamento envolve elevados recursos económicos.
A evolução desta doença é, habitualmente, progressiva e tem um prognóstico muito reservado quer pelo risco de morte súbita quer pela progressão para exaustão do músculo do coração, sendo umas das causas principais de morte em Portugal (cerca de 21.000 por ano).
São várias as causas que podem estar na origem desta situação, sendo a mais frequente a doença das artérias coronárias (ex. enfarte agudo do miocárdio); noutros casos pode ser secundária, por exemplo, a hipertensão arterial não controlada, a infeções víricas que afetam o coração, a toxicidade pelo álcool ou a doenças hereditárias.
As queixas principais devem-se à retenção de líquidos no organismo, manifestando-se por cansaço fácil, falta de ar, limitação para as diferentes atividades da vida quotidiana, sensação de aumento do volume abdominal ou aparecimento de inchaços nos membros inferiores. Em casos mais avançados, pode mesmo impedir que o doente consiga estar deitado com a cabeceira baixa, por desencadear tosse seca ou falta de ar ou até levar ao despertar, durante a noite, por dificuldade súbita e intensa em respirar.
O tratamento baseia-se na implementação de medidas gerais, tais como o exercício físico regrado, a dieta pobre em sal, o controlo do peso e dos outros fatores de risco cardiovasculares (ex. HTA, colesterol elevado, diabetes mellitus, etc), associados à utilização da medicação, nas doses optimizados para cada indivíduo.
As atitudes anteriores são por vezes insuficientes no controle dos sintomas e na progressão da doença, o que levou ao desenvolvimento de novas terapias, como é exemplo, a terapêutica de ressincronização cardíaca.
Este tratamento baseia-se na aplicação de um pacemaker especial em que, para além dos dois eléctrodos habituais (fios eléctricos que estabelecem o contacto entre o gerador que se encontra sob a pele e o músculo cardíaco) posicionados na aurícula e no ventrículo direitos, coloca-se um terceiro eléctrodo no lado esquerdo do coração e que tem por objectivo, através da aplicação de energia eléctrica, a estimulação sincronizada do coração, permitindo uma contracção mais eficaz e, portanto, uma ejecção de um maior volume de sangue.
Existe indicação para esta intervenção naqueles doentes em que, apesar da utilização da terapêutica médica optimizada, não foi possível melhorar os sintomas ou reverter a disfunção do ventrículo esquerdo. Considera-se que há disfunção do ventrículo esquerdo quando a fracção de ejecção (percentagem de sangue que o coração consegue expulsar para a aorta em cada contracção) é inferior a 50%. Os doentes em que este valor permanece inferior a 35% e esta condição se associa a uma alteração no ECG, denominada de bloqueio completo do ramo esquerdo (trata-se de uma perturbação da progressão do estímulo eléctrico através do ventrículo esquerdo que leva a uma contracção tardia e não homogénea das paredes do lado esquerdo do coração) são os melhores candidatos para a terapêutica de ressincronização cardíaca. Nestes casos, este tratamento tem um impacto benéfico no coração, com recuperação da estrutura e da força de ejecção, conseguindo, em alguns casos, torná-la próximo do normal.
Como resultado desta resposta, os doentes podem, assim, readquirir uma capacidade funcional e uma qualidade de vida próximo da que apresentavam antes de adoecerem e que se prolonga no tempo.
Alguns destes aparelhos têm, ainda, a capacidade de interromper arritmias ventriculares, potencialmente fatais, se associados a um cardioversor-desfibrilador implantável (CDI), prevenindo, desta forma, a ocorrência da morte súbita cardíaca.
Em resumo, a insuficiência cardíaca é uma doença muito prevalente, com prognóstico sombrio e muitas vezes fatal, que encontra nas medidas gerais e na medicação apropriada a base do seu tratamento; no entanto, em situações em que esta não é suficiente e numa população seleccionada de doentes, a aplicação de um dispositivo cardíaco electrónico permite tratar arritmias, melhorar a condição clínica e evitar a evolução inexorável da doença para a morte.
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