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O termo escoliose significa curva lateral da coluna, ou seja, uma curva observada no plano frontal; habitualmente neste plano a coluna é reta. Quando falamos de escoliose, falamos de curvas estruturadas, que não desaparecem com os movimentos, e associadas a uma rotação vertebral que empurra os tecidos circundantes (ossos, músculos, etc.). Essa rotação manifesta-se pela elevação de um dos lados da curva, a que chamamos giba, sendo responsável pela assimetria dos ombros/omoplatas ou da cintura/anca, que vemos nas figuras 1 e 2.
Os desvios da coluna, que desaparecem com o movimento ou postura, habitualmente denominam-se desvios escolióticos ou escolioses posturais e estão associados a más posturas persistentes (uso de mochilas transportadas só por uma pega, por exemplo) ou, muito comumente, por diferenças de tamanho dos membros inferiores (estas curvas compensatórias desaparecem na posição de sentado). O tratamento destes desvios funcionais passa por tratar a causa desencadeante (correção postural e reforço muscular na fisioterapia/RPG, correção das diferenças de tamanho dos membros, etc.). É importante realçar que o peso das mochilas que os alunos transportam não é fator desencadeante de escolioses, mas sim para quadros de lombalgia ou desvios posturais.
As formas de escoliose são habitualmente classificadas pela causa desencadeante em Idiopáticas (sem causa conhecida) ou secundárias (a doenças neuro-musculares, trauma, tumores, etc.). As mais comuns, cerca de 80%, são as idiopáticas e aparecem sobretudo na adolescência, isto é, entre os 10 anos e o fim da maturidade óssea. A progressão, desde o seu aparecimento até à maturidade, óssea é muito variável e a deformidade final pode não ter nenhum impacto na vida futura (exceto o estético) ou pode condicionar impacto sobre os órgãos internos, nomeadamente sobre o pulmão e a sua normal função.
O diagnóstico da escoliose é sempre clínico, devendo ser confirmado pelo RX; outros exames complementares, nomeadamente RMN e Provas Funcionais Respiratórias são excecionais e só raramente utilizados.
Como vimos nas fig.1 e 2, as assimetrias do tórax e da zona lombar são sinal de alerta, devendo realizar-se em seguida o teste de Adams ou bending-test (Figura 3 e 4), que mostra imediatamente a giba característica; ao realizar este teste, fazemos bem a distinção entre uma escoliose e um desvio escoliótico (ou funcional), pois nestes últimos não há presença de giba e o desvio escoliótico desaparece. O RX extralongo efetuado em pé permite confirmar o diagnóstico, medir o ângulo de curvatura da curva (ângulo de Cobb) e determinar o grau de maturidade óssea (Índice de Risser), sendo repetido habitualmente de 6 em 6 meses até ao final do crescimento.
O tratamento das escolioses deve ser individualizado em função da idade, gravidade da curvatura e maturidade esquelética. O tratamento fisiátrico não tem qualquer eficácia em termos de melhoria da deformidade, podendo ser importante para o reforço muscular e correção de vícios posturais. Durante a fase de crescimento pode ser útil o uso de coletes corretores, dependendo da localização da curva, do seu grau de curvatura e flexibilidade da curva. Em casos selecionados e graves, o tratamento cirúrgico, já efetuado algumas vezes no Hospital de Santa Maria – Porto, pode ter lugar, sobretudo quando interfere na capacidade ventilatória, sabendo que no futuro esta má função pulmonar vai condicionar uma sobrecarga e insuficiência cardíacas.
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