A doença coronária é 1ª causa de morte no mundo inteiro e a 2ª causa de morte em Portugal, logo a seguir ao Acidente Vascular Cerebral (AVC). Esta caracteriza-se pela deposição de placas de gordura nas artérias – processo conhecido como aterosclerose – que levam o sangue e nutrientes ao músculo do coração, as artérias coronárias, obstruindo-as total ou parcialmente.
A doença coronária tem várias manifestações possíveis, desde o enfarte agudo do miocárdio – a mais aguda e potencialmente fatal – até aos síndromes coronários crónicos (angina de peito) – a sua forma mais crónica – podendo também desenvolver-se de forma silenciosa, especialmente nas pessoas diabéticas.
Os seus sintomas típicos são uma dor ou desconforto no meio do peito (atrás do esterno) em aperto ou queimor, que surge tipicamente com o esforço e alivia com o repouso, e pode irradiar para os ombros ou braços (principalmente o esquerdo), as costas e o pescoço. Se estes sintomas surgirem em repouso e durarem mais que uns minutos, deve imediatamente ligar para o 112 porque pode estar perante um enfarte agudo do miocárdio, a manifestação mais aguda e grave da doença.
A doença coronária ocorre numa ampla faixa etária e o risco aumenta com a idade, mas homens após os 50 anos ou mulheres pós-menopausa têm um risco acrescido, especialmente se associados a outros fatores de risco cardiovascular típicos como o tabagismo, a diabetes, a hipertensão arterial, a dislipidemia (colesterol elevado), o excesso de peso, sedentarismo e a história familiar de doença coronária.
O diagnóstico da doença coronária faz-se através da conjugação de vários dados, começando com a colheita da história clínica (a descrição dos sintomas), exame físico e recorrendo a exames complementares de diagnóstico. Enquanto na manifestação aguda da doença, o eletrocardiograma tem um papel fundamental na definição da estratégia terapêutica, e a angiografia coronária por cateterismo cardíaco permite diagnosticar e tratar o enfarte; na doença crónica outros exames como a angiografia coronária por tomografia computadorizada (angio-TC) e exames funcionais para avaliação de isquemia (caracterizando-se como o sofrimento do músculo cardíaco pela obstrução das artérias coronárias) – como a cintigrafia de perfusão do miocárdio, o ecocardiograma de exercício e a ressonância magnética cardíaca -fornecem dados importantes para definir a estratégia de investigação e tratamento.
O tratamento da doença coronária subdivide-se em dois componentes, a terapêutica médica (os medicamentos propriamente ditos) com medicação anti-agregante plaquetária que impede a formação de trombos (a aspirina, o clopidogrel, o ticagrelor), estatinas (que baixam o colesterol mas também têm um papel estabilizador das placas coronárias), e medicamentos que permitem melhorar o fluxo nas artérias coronárias e reduzir sintomas; e a revascularização, processo através do qual se desobstrui as artérias coronárias (com cateterismo cardíaco) ou se faz um “bypass” a essas mesmas obstruções (com recurso a cirurgia cardíaca).
Tão ou mais importante que o tratamento é a prevenção da doença: primária (para aqueles que ainda não tiveram manifestações da doença) ou secundária (para aqueles que já têm o diagnóstico e cujo objetivo é prevenir novos eventos). Para além do cumprimento da medicação prescrita pelo médico assistente, é essencial controlar os fatores de risco cardiovascular modificáveis, como o tabagismo, a hipertensão, a diabetes, o colesterol e o excesso de peso.
Previna a doença coronária com alterações de estilo de vida e se tiver algum dos sintomas descritos discuta-os com o seu médico assistente precocemente. Se suspeitar que possa estar a sofrer um enfarte agudo do miocárdio, ligue imediatamente 112.
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